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Superfície de água no Brasil voltou a ficar abaixo da média em 2023, diz estudo; entenda o que significa

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 26/06/2024, às 11h28 - Atualizado às 11h54



A água cobriu 18,3 milhões de hectares do Brasil ou 2% do território nacional, em 2023. Embora essa extensão corresponda ao dobro da área de um país como Portugal, ela representa uma queda de 1,5% em relação à média histórica. Houve perda de água em todos os meses de 2023 em relação a 2022, incluindo os meses da estação chuvosa. A última vez que foi registrada retração da superfície hídrica no Brasil foi em 2021, quando houve uma redução de 7%.

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Os dados são do MapBiomas Água, que está lançando uma nova coleção de mapas e dados, cobrindo o período entre 1985 e 2023, nesta quarta (26/06). Os biomas estão sofrendo com a perda da superfície de água desde 2000, com a década de 2010 sendo a mais crítica. 

Corpos hídricos naturais respondiam por 77% da superfície de água no país em 2023; os outros 23% são antrópicos, ou seja, água armazenada em reservatórios, hidrelétricas, aquicultura, mineração, etc., que totalizam 4,1 milhões de hectares. Desse total, os grandes reservatórios, que são monitorados pela Agência Nacional de Águas, somam 3,3 milhões de hectares - um crescimento de 26% em 2023 em relação a 1985. 

Nos corpos hídricos naturais, a situação é outra: houve uma queda de 30,8% ou 6,3 milhões de hectares em 2023 em relação a 1985. Metade (6) das bacias hidrográficas do país estiveram abaixo da média histórica em 2023 – percentual semelhante ao das sub-bacias nível 1 (53%, ou 44 delas) e das sub-bacias de nível 2 (57%, ou 156 sub-bacias). 

A superfície de água em dez estados, ou seja, um pouco mais de um terço (37%) das unidades federativas ficou abaixo da média histórica em 2023. Os casos mais severos ocorreram nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com perda de superfície de água de 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente. No caso dos municípios, ficaram abaixo da média histórica mais da metade (53%, ou 2.925). O município de Corumbá (MS) foi o que mais perdeu superfície de água em 2023 em relação a média da série histórica: 261 mil hectares (-53%). 

“Enquanto o Cerrado e Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água. 

Amazônia abriga metade da superfície de água do Brasil 

Mais da metade da superfície de água do país está na Amazônia: 62% do total nacional. Em 2023, o bioma apresentou uma superfície de água de quase 12 milhões de hectares ou 2,8% da superfície do bioma. Esse total representa uma retração de 3,3 milhões de hectares em relação a 2022. Em 2023, a Amazônia sofreu com uma seca severa: de julho a dezembro abaixo da média histórica do MapBiomas Água, sendo outubro a dezembro registrando as menores superfícies de água da série. "Houve isolamento de populações e mortandade de peixes, de botos e tucuxis", aponta Carlos Souza Jr., coordenador do MapBiomas Água.

Pantanal: o bioma que mais secou 

Em relação ao tamanho do próprio bioma, o Pantanal foi o bioma que mais secou ao longo da série histórica do MapBiomas Água, que cobre o período entre 1985 e 2023. A superfície de água anual (pelo menos 6 meses com água) em 2023 foi de 382 mil hectares - 61% abaixo da média histórica.

Houve redução da área alagada e do tempo de permanência da água. No ano passado, apenas 2,6% do bioma estava coberto por água. O Pantanal responde por 2% da superfície de água do total nacional. 

O ano de 2023 foi 50% mais seco que 2018, que foi a última grande cheia no bioma. Em 2018, a água no Pantanal já estava abaixo da média da série histórica, que compara com os dados desde 1985.

"Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle", ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas. 

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