Polícia

Investigado pela PF, desembargador é acusado de negociar propina de R$ 1 milhão com aliado de Fernandinho Beira-Mar

Daniela Smania / TJSP
Operação Churrascada investiga desembargador que utilizava códigos para venda de sentenças  |   Bnews - Divulgação Daniela Smania / TJSP

Publicado em 25/06/2024, às 22h15   Victória Valentina



Alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) contra um suposto esquema de venda de decisões judicais, o desembargador Ivo de Almeida, de 66 anos, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), teria negociado propina de R$ 1 milhão para conceder habeas corpus em favor de Romilton Queiroz Hosi, narcotraficante apontado como aliado de Fernandinho Beira-Mar, ex-líder da facção Comando Vermelho (CV). As informações são do Metrópoles.

Conforme as investigações, o desembargador usaria dois representantes para negociar propinas de no mínimo R$ 100 mil. As tratativas foram feitas através de Wilson Vital de Menezes Junior, apontado como intermediário do magistrado, entre setembro de 2020 e janeiro de 2021 com o advogado Luiz Pires Moraes Neto e o bacharel em direito Wellington Pires, que representavam os interesses do narcotraficante Romilton Queiroz Hosi.

Hosi já foi preso e denunciado por crimes como lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas. Segundo a reportagem do Metrópoles, ele passou mais de 10 anos foragido utilizando documentos falsos e, ao mesmo tempo, era responsável por coordenar uma rota aérea de transporte de mais de meia tonelada de cocaína em aeroportos clandestinos.

Segundo a PRG, o desembargador teria analisado a situação do narcotraficante e concluído que se tratava de um "caso delicado", com diversas dificuldades. Uma delas seria convencer os outros membros do TJSP a votar a favor do habeas corpus. Ao longo da negociação para o esquema, os advogados de Hosi teriam chegado a rascunhar o instrumento e buscado dinheiro no Paraguai.

O narcotraficante, porém, não foi solto. Em uma das mensagens enviadas em janeiro de 2021, o intermediário do desembargador explicou a situação. “Ele não conseguiu convencer o outro mecânico a trabalhar junto com ele, entendeu? Quando é ele, é certeza. Agora, quanto tem o outro junto, depende de convencer lá”, explicou.

Operação

Ivo de Almeida é o principal alvo da Operação Churrascada, deflagrada na última quinta-feira (20) pela PF. A operação investiga suposto esquema de venda de decisões judicais. 

O nome da operação se deu após investigadores apontarem que "churrasco" era um dos códigos utilizados pelos envolvidos para avisar sobre os plantões judiciais nos quais Ivo de Almeida despacharia.

Ele foi afastado do cargo por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Um pedido de prisão foi negado, e a defesa do juiz aguarda acesso ao processo para “reestabelecer a verdade e a Justiça”. 

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