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Junho Verde: Agronegócio e meio ambiente podem ser aliados? especialista traz ações e "previsões" para o setor

Vitor Monthay na Unsplash
Um caminho para a solução desse dilema do agronegócio é o Plano ABC+, que trata de uma adaptação à mudança do clima e baixa emissão de carbono  |   Bnews - Divulgação Vitor Monthay na Unsplash
Letícia Rastelly

por Letícia Rastelly

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Publicado em 30/06/2024, às 18h00



A atividade agropecuária é, sem sobra de dúvidas, uma das mais importantes para a economia brasileira, afinal, só em 2022, o setor foi responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, R$ 2,54 trilhões. Entretanto, apesar de ser positiva para as finanças, essa categoria é apontada como a maior vilã do meio ambiente no Brasil, sendo responsável por 74% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) no país, se considerarmos o desmatamento promovido por parte dos fazendeiros, segundo o Observatório do Clima.

Trata-se de um dilema importante para a sociedade, mas também para o empresário do agronegócio, pode ser resolvido com tecnologia, políticas públicas e, principalmente, boa vontade. Para entender como isso pode ser feito, o BNews entrevistou Thiago Guedes Viana, engenheiro agrônomo, especialista em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, mestre em Conservação da Biodiversidade e Sustentabilidade e, atualmente, é assessor de gabinete na Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri).

O especialista faz um alerta do que o produtor pode vivenciar, se não houver investimentos em cuidados com o meio ambiente. “Alguns prejuízos como pastagens degradadas, ampliação da seca em algumas áreas e, naturalmente, o impacto seria muito grande nas lavouras. Ou ainda o excesso de chuvas em outras áreas, como a gente já percebeu no Rio Grande do Sul, por exemplo, devastando diversas culturas de ciclo curto. Acho que períodos não tão consolidados de chuva no período adequado para o plantio, isso também vai dificultar a colheita, dificultar o manejo, assim como processos de desertificação em outras áreas. Esses são alguns dos cenários a nível mais de campo que a gente poderia relatar”.

thiago guedes

Thiago também faz uma análise relacionado ao cenário econômico, para além dos produtores. “Fora isso, o impacto nos empregos futuramente, na agregação de valores. Valor ao produto, pela qualidade do produto, a diminuição da oferta de disponibilidade de empregos, então acho que são alguns cenários que podem ocorrer caso a gente tenha um impacto muito forte das mudanças climáticas no setor agropecuário, que vai atacar e vai estar diretamente relacionado à produção e a produtividade dessas áreas, naturalmente áreas menos adaptadas, menos adequadas para o plantio”.

Para tentar minimizar esses impactos negativos, o Governo do Estado lançou, na Bahia Farm, o Plano ABC+, um plano estadual para adaptação à mudança do clima e baixa emissão de carbono na agropecuária, com vistas ao desenvolvimento sustentável. “Foi realizado o acordo de Paris para reforçar a implementação da convenção incluindo o objetivo de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima, naturalmente no contexto do desenvolvimento sustentável e dos esforços de erradicação da pobreza. E o que é que está em jogo? O objetivo dessa agenda, manter o aumento da temperatura média global muito abaixo de dois graus (...) De forma geral, o objetivo é mitigar os impactos do setor agropecuário nas mudanças climáticas e aí com a redução das emissões de gases de efeito estufa. O objetivo de longo prazo do acordo de Paris é essa neutralidade até 2050”, detalhou Thiago.

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“Para o Plano ABC, existem algumas metas que foram pactuadas pelo Governo do Estado da Bahia. A Seagri coordena um grupo gestor estadual que contém 25 instituições, e esse grupo, no qual eu estou na função de coordenador, é responsável pela execução e monitoramento desse plano. Foi estabelecido algumas metas, com auxílio da tecnologias e práticas sustentáveis: recuperação de pastagens degradadas; integração, lavoura, pecuária e floresta; sistemas agroflorestais; bioinsumos; fixação biológica de nitrogênio; sistemas irrigados; terminação intensiva de animais bovinos; tratamento de dejetos animais e sistema de plantio direto. Essas são algumas das tecnologias propostas no plano, que é de abrangência nacional”, explicou o especialista.

Sobre o acesso a essas tecnologias, Thiago também esclareceu. “Hoje, um produtor, pode implementar uma dessas tecnologias e para isso ele tem linhas de financiamento. O Plano Safra vai ser lançado agora no mês de julho, possivelmente. Existe aí uma demanda de mais de 800 bilhões de reais do setor agropecuário para custeio. Disso aí o Plano Safra entra com mais de um terço desse valor, onde o produtor pode ir no banco e pegar na linha Renovagro, que é o plano ABC, com juros mais atrativos do que as linhas de financiamento convencionais para o setor agropecuário. Você tem aí taxas de juros de 7 a 8,5% para a linha do Renovagro, para a linha do plano ABC, enquanto para outras linhas que chegam a 13, 18% para o produtor, além de uma série de produtos que ele tem ainda que buscar”.

Thiago deu um exemplo desse investimento: “O produtor quer plantar ‘x’ hectares de plantio direto. Ele pode ir em uma das agências do Banco do Brasil, Banco Nordeste, Caixa, Desenbahia... buscar recursos nessas linhas de financiamento do plano ABC, dessas oito tecnologias citadas e ter juros mais atrativos para implantar essas tecnologias de baixo carbono, todas elas validadas pela Consciência Tecnologia, pela Embrapa, pelo MAPA, (Ministério da Agricultura e Pecuária) e por outros pesquisadores de universidades já há alguns anos, finalizou o especialista.

O projeto Junho Verde 2024 é uma realização do Grupo A4 com patrocínio da Suzano, Governo Bahia, Axxo, JBS, Sian Engenharia, Shopping da Bahia, Intermarítima e Casa de Apostas Arena Fonte Nova. O apoio fica por conta da Atlântico Transportes, ITS Internet, Planeta Imaginário, Ecogreen Educação Ambiental, Casa Soma e UCI Orient Shopping da Bahia.

Classificação Indicativa: Livre

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