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É preciso reagir

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Publicado em 01/07/2024, às 22h15   José Medrado



Muitos estudos acadêmicos, principalmente da antropologia teológica cristã, apresentam a premissa de que o ser humano só se realiza plenamente enquanto relacional com outro ser humano, em especial na busca do princípio do amar ao próximo como a si mesmo. Ainda que pese a dificuldade dessa proposta, considerando que, nem a nós mesmos conseguimos nos amar, por força da falta de conhecimento dos nossos processos históricos psicológicos, na formação das autodefesas do nosso ego, que sempre estão em alerta. Imaginemos amar os estranhos! Reporto-me a esse princípio básico do cristianismo, em decorrência da agitação que vimos pelas redes sociais, em defesa do direito de fazermos caridade, sem as burocracias excêntricas que, geralmente, se cercam de pessoas, em especial, de organizações filantrópicas. Falo da proposta de lei paulistana para dificultar mitigar a fome de quem está nas ruas.

Esse projeto deixou clara que a questão é o Padre Júlio Lancelot, como disse o autor do PL, que em suas palavras, em postagem na internet, explícita: “...Enquanto eu for vereador não darei vida fácil para essas ONGs do centro de SP e esses militantes do Júlio Lancellotti”. Claro que apagou. Não se trata, ao meu sentir, de avaliação de como age o Padre Júlio, pessoalmente não me agrada a sua posição claramente partidária, mas aí já é uma questão que não diz respeito ao trabalho em si, mas ao seu inalienável direito de posição no espectro político. A consideração a se ter é que ele está fazendo um trabalho cristão, sim. E muitos que se apresentam como cristãos interpretam papeis, na manipulação de segmentos específicos do cristianismo. Jean Baudrillard, filósofo e sociólogo francês, em seu livro Simulacros e simulação foi inspirado, quando escreveu que a sociedade de hiperconsumo em que vivemos se tornou, em relação ao “rótulo” cristão, a cultura do simulacro. Associa-se a essa questão as redes sociais também. Segundo o estudioso tudo hoje é uma simulação, fingimento, no modo espetáculo. Essa função, por sua vez, é sempre condicionada a desejos e necessidades, nem sempre confessados, ou seja, usa-se de tudo nessa vida non sense, para conseguir os objetivos pretendidos. O padre Júlio, entendo, sempre foi direcionado a essa ação, por ideal de vida, não para usufruir de questões políticas partidárias. Ele não ambiciona subir em massa religiosa para galgar poder político, ao que parece e até agora.

Permita-me, caro leitor, que uma das passagens que mais me animam na lida do bem e da caridade é a de Mateus, 25: 35-40:

Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber?

E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos?

E quando te vimos enfermo, Ou na prisão, e fomos ver-te?

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

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