Polícia

Impunidade: Dono de Mercedes vive luxo 6 anos após matar 2 e deixar bebê paraplégico

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Empresário dono de Mercedes também não pagou indenização às vítimas do acidente  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 06/05/2024, às 16h17   Cadastrado por Sanny Santana



O empresário André Veloso Micheletti, de 55 anos, segue impune seis anos após bater sua Mercedes em um Ecosport, em 2018, e deixar dois mortos, além de um bebê paraplégico. A suspeita é de que, na ocasião, o milionário disputava uma racha contra um Camaro na rodovia Imigrantes, em São Paulo.

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Apesar das condenações, seis anos após o crime, Micheletti permanece impune, vivendo uma vida tranquila e de luxo, e sequer pagou indenização às vítimas.

Relembre o caso

O caso aconteceu por volta das 21h de janeiro de 2018, quando o Ecosport voltava para São Paulo após dois dias na Baixada Santista. Dentro do carro estavam André Gonçalves, de 29 anos na época; a esposa, de 40 anos; os filhos, de 1, 2 e 5 anos; o amigo de André, Wesley Bispo, de 20; a esposa de Wesley, de 21; e o filho do casal de 1 ano e sete meses.

André, que dirigia o Ecosport, alegou ter dirigido a 120 km/h, quando, de repente, sentiu o impacto e viu o veículo rodopiar "mais de 20 vezes". A batida vitimou a esposa de André e a de Wesley. André e o filho de Wesley, o bebê, ficaram paraplégicos.

Quando o carro parou, apenas André e Wesley, que estava no banco do passageiro, estavam conscientes. A esposa do motorista já estava morta e a mulher de Bispo, desmaiada. Ela ainda chegou a acordar, mas não resistiu.

Gonçalves tentou sair do carro e não conseguiu. Enquanto tentavam puxá-lo para fora do veículo, o carro começou a pegar fogo.

Investigações

Uma simulação realizada pelos investigadores apontou que a Mercedes estava em uma velocidade que variava entre 134 km/h até 298 km/h. A suspeita é de que o empresário disputava uma racha contra um policial que dirigia um Camaro. 

Uma testemunha declarou ter visto "de relance" o Camaro, que teria passado "dois ou três segundos após a Mercedes e então aconteceu o acidente". O racha, contudo, não pôde ser comprovado pela Justiça.

No processo, obtido pelo site Uol, Micheletti negou que estava disputando racha naquele dia. Ele ainda afirmou que ajudou a salvar as vítimas e culpou André Gonçalves pelo acidente.

A Ecosport, sem qualquer sinalização, invadiu a faixa da esquerda, de modo que a dianteira direita de seu veículo chocou-se com a traseira esquerda da Ecosport", disse o acusado.

Contudo, o laudo indica que "as provas são robustas e historiam de modo inconteste o excesso de velocidade, como a falta de mantença de distância frontal do veículo que vinha em frente, tudo devidamente comprovado por laudo pericial".

Segundo o advogado de Guilherme e Bispo, Cezar Augusto Oliveira, "atualmente, o processo criminal está parado esperando a realização de um laudo sobre o Camaro".

André Micheletti foi preso no dia do acidente, mas foi solto após 44 dias porque a Justiça considerou que ele não representava perigo às investigações.

Gonçalves e Bispo moveram processos separados contra Micheletti, solicitando compensação por danos morais, reembolso de despesas médicas, custos com os funerais de suas esposas e uma pensão vitalícia, entre outros itens. Segundo Cezar Augusto Oliveira, os montantes atualmente em questão são de aproximadamente R$ 1,5 milhão para Gonçalves e R$ 500 mil para Bispo, considerando a correção por juros.

Micheletti foi condenado em primeira e segunda instância, porém ainda não realizou o pagamento. A sentença favorável a Bispo foi emitida em novembro de 2021, enquanto a de Gonçalves veio em junho de 2022.

A defesa apelou da decisão junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Oliveira disse ao site que "em Brasília, há a possibilidade de alterar os valores da compensação, porém, o mérito já foi estabelecido nas instâncias inferiores".

Segundo o advogado das vítimas, Micheletti vem escondendo seus bens para não indenizar as vítimas. A Justiça já bloqueou, do empresário, dois apartamentos, uma Mercedes, duas Range Rover e uma Porshe. O CPF da esposa dele e o CNPJ e uma das empresas da mulher dele também foram bloqueados.

Gonçalves e Bispo disseram que esperam que a indenização seja paga, mas queriam que André Micheletti estivesse preso.

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