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Juntas e perícias médicas

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SOUBE POR TERCEIROS será o mote do conteúdo para expormos esses assédios silenciosos  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 30/04/2024, às 16h52 - Atualizado às 16h52   José Medrado



Há uma verdade aceita e replicada que diz: só sabe, quando se passa. Fala-se em alusão às dores e dificuldades vividas, pois quem não passou por algo semelhante não saberá dizer. Há aproximação das emoções e sentimentos experimentados, quando situações são compartilhadas. Na semana passada, mais uma vez, falei sobre a frieza de juntas médicas e periciais, em avaliação de “pacientes culpados” por estarem buscando seus direitos...foi o suficiente para que algumas mensagens me fossem direcionadas com o mesmo teor, inclusive de pessoas funcionárias de órgãos Públicos. Não apenas as necessitadas do INSS. Registro a questão dos órgãos Públicos, pois, a priori, os médicos-funcionários e os demais servidores se conhecem, mas não por isto sejam empáticos. Não falo de avaliações em si, mas de empatia. Nessas mensagens se evidenciam citações do tipo: comigo também foi assim...pensei que tivesse sido só comigo... Há uma espécie de processo de consolo, no apoio mútuo. Há segmentos de médicos dessas juntas e perícias, espero que sejam a minoria, que se acham acima do bem e do mal e o pior:  não há instância recorrente a seus julgamentos, salvo pelas vias judiciais, e como funciona para os pobres? Um absurdo! porque apenas três pessoas se colocam ali com os seus históricos e conteúdos...produtos humanos até certo ponto naturais, salvo quando resvalam para o autoritarismo de suas “autonomias”, fechados no corporativismo e pronto! Alguns alegam os anos a fio fazendo trabalhos periciais, mas acumulam histórias que deveriam se envergonhar, não se encher de jactância.

Assim, a partir da próxima semana abriremos espaço para essa empatia. Repercutiremos casos que ficam guardados nas tais paredes das juntas e perícias, acumulando incompreensões em pessoas que não querem apenas serem “julgadas” e submetida, muitas vezes à arrogância de quem se sente confundido em seus conceitos de poder. Conte-me sua história pelo [email protected], direi por aqui o que você foi impedida(o) de dizer até com medo de retaliação. SOUBE POR TERCEIROS será o mote do conteúdo para expormos esses assédios silenciosos. Sempre na primeira segunda-feira do mês, neste espaço, dedicarei à sua fala. Você se aliviará. Poderá ficar no anonimato, mas o seu sentir será replicado.

Cidadãos, a cidadania se faz de conquistas, muitas vezes aparentemente minúsculas, mas sabemos que só assim mudaremos muitas coisas. Esses feudos avaliativos das dores de terceiros, muitas vezes, são habitados por personagens majestosos (geralmente o coordenador da junta, da perícia) sentados distantes; o digitador (este muito engraçado, pois irá chamá-lo de seu fulano, de dona fulana...mostrando falsa educação, mas robotizado pelos outros colegas, para não desagradá-los...tudo para mostrar “imparcialidade”. Conversa. Toda negativa pode ser dada com solidariedade e acolhimento, isto seria o mínimo para quem se coloca como cuidador(a) do outro, mas questionemos, sim, atitudes, conceitos naquilo que pleiteamos.

Ah! De logo, uma sugestão a você: grave as suas participações nesses coliseus, com o seu próprio celular...eu o fiz desde a primeira...você ouvirá depois até confissão do tipo – seu caso é grave, mas.... vamos lá por cidadania, respeito e dignidade. Já que os registros só ficam a cargo dos que estão ali para julgar a sua dor e necessidade, repassando por um peso emocional, porque acham que todos que vão em busca de avaliação médica estão fraudando.

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