Justiça

Com lucros de até R$ 100 mil, youtubers bolsonaristas recebiam informações do Palácio do Planalto

José Cruz/Agência Brasil
As apurações mostram uma relação próxima entre a Secretaria de Comunicação e youtubers bolsonaristas conhecidos por integrar o "gabinete do ódio"  |   Bnews - Divulgação José Cruz/Agência Brasil

Publicado em 04/12/2020, às 13h51   Redação BNews



O inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga atos antidemocráticas e que foi aberto em abril, identificou um esquema lucrativo de organização e financiamento das manifestações por meio da internet, que rendia até R$ 100 mil mensais. O que mais causou espanto, contudo, segundo informações do Estadão, foi a constatação de que uma rede de canais do YouTube, alvo no inquérito, usava dados e informações disponibilizadas pelo Palácio do Planalto.

As apurações mostram uma relação próxima entre a Secretaria de Comunicação e youtubers bolsonaristas conhecidos por integrar o "gabinete do ódio", um núcleo conhecido no Palácio por ataques sistemáticas por meio das redes sociais.

Em nota, o Governo Federal afirmou que está prestando todos os esclarecimentos necessários a Justiça.

Assessor especial da presidência da República, Tércio Arnaud Tomaz é apontado na investigação como uma das principais conexões entre o Governo e estes youtubes, entre eles Allan dos Santos do Terça Livre. Um dos membros do "gabinete do ódio", ele repassava vídeos do presidente Jair Bolsonaro e participava de grupos com outros blogueiros para discutir "questões do governo", conforme depoimento à Polícia Federal.

Até o momento, 30 pessoas foram ouvidas no inquérito, entre elas o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), apontado como um dos principais líderes do "gabinete do ódio", e o outro filho de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

“A propaganda de conteúdo extremista no campo digital culmina, de fato, em ações subsequentes: as manifestações reais contra o Estado Democrático de Direito, criando um ciclo que se realimenta, com a difusão das manifestações pelos canais de internet dos produtores, que, por sua vez, são alardeados e replicados em perfis pessoais de redes sociais de agentes do Estado, gerando mais visualizações (difusores)”, diz trecho do relatório da Polícia Federal, do 9 de julho.

Os canais supostamente envolvidos no esquema conseguiram aumentar os seus seguidores e, consequentemente o lucro, após a participação em atos antidemocráticos. Levantamento do Estadão apontou que o número de inscritos nos onze canais que estão sob investigação, aumentaram em 27%, de 6,7 milhões para 8,5 milhões, somente entre 1° de março e 30 de junho.

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